- 112 substâncias activas presentes em produtos fitofarmacêuticos em Portugal estão em risco de exclusão
- Estudo realizado pela Anipla, com a colaboração de 27 entidades e individualidades ligadas ao sector agrícola, avalia impacto económico da sua retirada do mercado
- Quase 50% do rendimento agrícola da fileira do vinho em risco
- Mais de 50% de impacto na fileira do azeite
- Mais de 80% de impacto na fileira do tomate
- Problemas fitossanitários não terão controlo eficaz, diminuindo a competitividade da nossa agricultura e aumentando a dependência do exterior para o abastecimento de alimentos
A Anipla apresentou m 2016 as conclusões de um estudo nacional sobre o Impacto Económico da retirada de Substâncias Activas em Culturas Chave em Portugal. Em causa está a possibilidade de exclusão de cerca de 130 substâncias activas presentes nos produtos fitofarmacêuticos na Europa. A Anipla, em colaboração com 27 outras entidades e individualidades nacionais, apresenta uma análise do impacto económico da decisão em Portugal.
Através de um trabalho profundo que teve como base o grupo das substâncias activas (s.a.) consideradas em risco de exclusão a nível da EU, por pelo menos um dos critérios de avaliação, das quais foram identificadas 112 homologadas em Portugal, o estudo incidiu sobre o potencial impacto da retirada destas s.a. no rendimento dos produtores das fileiras da videira/vinho, oliveira/azeite, milho/grão, pereira/rocha e tomate/indústria que, em conjunto, representam 1.5 Mil Milhões de Euros em exportações do país (dados estimados de 2015).
“O perigo sério que a agricultura portuguesa enfrenta pela ameaça à sua competitividade e, consequentemente, significativo impacto quer a nível económico quer a nível social, resultante da perspectiva de redução de soluções tecnologicamente determinantes para os agricultores portugueses, determinou a urgência da realização deste estudo”, afirma António Lopes Dias, Director Executivo da Anipla.
De forma isolada, ou em diversas combinações, as s.a. em causa apresentam-se no mercado num grande número de produtos comerciais, autorizados para o combate aos vários inimigos das culturas em análise. A sua retirada conduzirá também a um baixo, ou praticamente nulo, nível de controlo de vários problemas fitossanitários, pela ausência de soluções disponíveis que constitui este cenário. De uma forma geral, o impacto da retirada destas substâncias activas inviabiliza a exploração empresarial de qualquer das culturas em análise.
Seguindo uma metodologia acordada com um conjunto de 27 entidades e individualidades nacionais, representativas o bastante para conferir ao estudo uma relevância incontornável, as suas conclusões são verdadeiramente preocupantes, conforme se resume nesta tabela.
“A acrescer a este estudo fica a faltar apurar o impacto total de uma decisão neste sentido já que, além do impacto no rendimento ao nível do produtor, é preciso apurar impactos a outros níveis: a montante e a jusante das fileiras (onde a indústria agroalimentar seria uma das mais directamente afectadas) bem como a nível social por via do desemprego gerado, mas também na capacidade de fixação de comunidades e desenvolvimento dos meios não urbanos e a nível ambiental, consequência do abandono de terras agrícolas, as quais se tornarão baldios ou floresta, feita de forma certamente desordenada, altamente sujeita a incêndios”, acrescenta António Lopes Dias.