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Graeme Taylor: Desafios para a alimentação e agricultura mundiais

A perceção sobre os desafios para a alimentação e agricultura mundiais, dentro e fora do sector.

Esta semana falámos com Graeme Taylor, Diretor de Public Affairs na ECPA, a associação europeia da Indústria para a Proteção das Plantas. Licenciado em política, Graeme conta com 15 anos de experiência de serviço público de âmbito nacional, internacional e multilateral, tendo, entre outras funções, trabalhado para o Departamento Público para o Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais, no Reino Unido, como representante do Governo Britânico na União Europeia para os temas da agricultura, e ainda como consultor de comunicação para a Comissão Europeia.

1. O que pensa sobre a sensibilização da população urbana para os atuais desafios que os agricultores enfrentam para assegurar a produção alimentar que corresponda às exigências de uma população mundial em crescimento?

Os consumidores esperam – e merecem – ter acesso a alimentos seguros e acessíveis de boa qualidade. No entanto, as últimas pesquisas mostram que os consumidores não estão cientes da magnitude das questões em torno da distribuição alimentar e não compreendem os desafios básicos que os agricultores têm de enfrentar para disponibilizar alimentos de alta qualidade.

[Num estudo realizado pela ECPA] Apenas 1/3 das pessoas entrevistadas mostrou compreender que a capacidade dos agricultores para proteger as suas colheitas contra as doenças e infestações das culturas vai ter um impacto imediato no custo da distribuição alimentar mundial. Este facto mostra que existe um enorme desconhecimento do consumidor sobre a realidade da agricultura.

A desconexão e os equívocos crescem ainda mais quando nos referimos especificamente aos produtos fitofarmacêuticos. Pesquisas mostram que, em alguns países, quase um terço dos adultos não entende a finalidade destes produtos, discordando do facto de que estes são concebidos para a proteção das plantas de influências prejudiciais, incluindo insetos prejudiciais, ervas invasoras, parasitas e fungos.

Estes são apenas alguns exemplos de equívocos – infelizmente, a lista é muito mais longa.

2. Quais são os principais mitos sobre a agricultura moderna, na perspetiva do consumidor?
O maior equívoco que eu encontro está relacionado com o facto do consumidor considerar que a agricultura biológica não usa pesticidas. Como se as culturas cultivadas em modo biológico não sofressem das mesmas pragas e doenças. Num mundo perfeito, não precisaríamos de produtos químicos para produzir os nossos alimentos, e toda a produção, mesmo a biológica, poderia ser “livre de produtos químicos”. Mas, essa não é a realidade do mundo em que vivemos: não produzimos apenas para o nosso consumo; competimos com uma lista intimidante de pragas de insetos, fungos e bactérias que procuram almoços grátis, e uma série de espécies de plantas que ocupam nossos campos, como é o caso das ervas daninhas.

3. A ECPA e as Associações Europeias estão lançando a campanha “Considere os Factos”. Qual é a sua opinião sobre a mudança de perspetiva das pessoas?
Como indústria, pode-se argumentar que passamos tanto tempo a defendermo-nos de ataques, ou defendendo produtos individuais, que esquecemos de contar a história do papel que os produtos químicos e os fitofarmacêuticos desempenham na produção de alimentos e, em seguida, os benefícios que eles trazem para a sociedade. Esta campanha visa preencher essa lacuna. Os produtos fitofarmacêuticos não são uma panaceia, mas são uma ferramenta importante para os agricultores, e é este facto que eu gostaria que os decisores políticos e os consumidores compreendessem.