A paisagem agrícola portuguesa deverá começar a mudar com o número crescente de empresas que pretendem apostar no cultivo de canábis, sobretudo depois do Presidente da República ter promulgado, no início de setembro, a utilização desta planta para fins medicinais.
O clima temperado, a luz (mais de doze horas de luz a cada vinte quatro horas) e a água em abundância são as principais razões que fazem de Portugal o lugar ideal para o cultivo desta planta. Este lugar à beira-mar plantado torna-se ainda mais apelativo quando o seu clima é comparado com os dos países do norte da Europa, onde os custos seriam mais elevados para a produção em larga escala da canábis. Algo identificado desde cedo por empresas como a Terra Verde, Lda., em Évora, uma das primeiras a cultivar a canábis em Portugal. Mas também a canadiana Tilray que anunciou, em novembro de 2017, uma plantação no Parque Tecnológico de Cantanhede, no distrito de Coimbra, com o objetivo inicial de chegar às cem mil plantas. Cotada na bolsa de Nova Iorque, a Tilray viu o valor das suas ações mais do que triplicaram desde o início do ano.
Mais recentemente, a Endopure também investiu na abertura de uma unidade de produção de óleo CBD (cannabidiol), produto extraído da planta cannabis sativa, para efeitos medicinais, situ-ada na zona industrial do concelho de Nelas, no distrito de Viseu.
Mas mais empresas estão na calha para entrarem neste mercado em Portugal, sendo que caberá ao Laboratório Militar comandar a produção, enquanto o Infarmed irá gerir os licenciamentos num mercado que, na Europa, deverá valer entre 15 a 35 mil milhões de euros, anualmente.
Estas e outras temáticas serão discutidas e apresentadas no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, nos dias 17 e 18 de novembro, sob a forma de expositores, workshops ou atividades paralelas na Cannadouro – a Feira Internacional de Cânhamo do Porto. Esta é uma feira que vai decorrer pelo segundo ano consecutivo na cidade Invicta sobre a cultura canábica, à semelhança das que já se realizam na Europa.