Lá diz o ditado que o ideal é querer “sol na eira e chuva no nabal”. Ora bem, houve chuva suficiente para fazer a produção de cereais aumentar, mas demasiada para atrasar a vinha e o pomar. Quem o revela é o Instituto Nacional de Estatísticas (INE), que estima que a produção global de cereais de outono/inverno cresceu 8% face a 2017, atingindo as 209 mil toneladas, graças às condições climatéricas favoráveis, ou seja, pela ocorrência de precipitação em fases decisivas da produção (após a adubação de cobertura e no enchimento do grão).
De acordo com o mesmo boletim, perspetiva-se um aumento da área de milho para grão (+5%), que deverá fixar-se nos 90 mil hectares, valor que não acontecia desde 2015.
Já quanto à cultura do tomate para a indústria prevê-se a manutenção do rendimento unitário da campanha passada devido a um aumento da pressão das doenças criptogâmicas, nomeadamente do míldio, situação para a qual muitos associados da ANIPLA têm sido chamados a ajudar no seu combate.
A vinha também sofreu ao enfrentar um inverno seco e uma primavera chuvosa, que levou ao surgimento de desavinho (abortamento das flores, ficando o cacho com poucos bagos) e bagoinha (formação de cachos com bagos pequenos e/ou com bagos normais, mas sem grainha). Além disso, surgiram fortes ataques de míldio, oídio e podridão cinzenta de difícil controlo. Resultado: prevê-se que a produtividade decresça 5%, globalmente, segundo aponta o INE, advertindo que, na maioria das regiões vitivinícolas, verificam-se graus de maturação muito distintos, sendo que o ciclo da videira está atrasado entre duas a três semanas.
Esta situação é semelhante à vivida pelos pomares. Na maçã e na pera, as previsões são para reduções do rendimento unitário (-5% e -10%, respetivamente), com bastante heterogeneidade na carga de frutos dos pomares, aponta o mesmo organismo. No pêssego estima-se um aumento da produtividade de 5%, enquanto na amêndoa as previsões apontam para uma diminuição de 20% face à campanha anterior, resultado de dificuldades na fase da floração/vingamento do fruto.
O arroz, cujas sementeiras foram tardias (prolongando-se até final de junho) a previsão é de que a produtividade deverá ser igual à do ano anterior (6,2 toneladas por hectare). Já a produção da batata de regadio deverá andar nas 21 toneladas por hectare, ou seja, 10% baixo das registadas em 2017.
O INE adverte que estes resultados ainda não integram potenciais impactos decorrentes da vaga de calor que atingiu o país no início de agosto, bem como eventuais consequências do incêndio de Monchique.
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