O Smart Farm Colab, sediado em Torres Vedras, desenvolve e adapta tecnologias digitais para a agricultura, focadas nas reais necessidades dos produtores e ao alcance de todos.
A diretora executiva do Smart Farm Colab, Cátia Pinto, revela os projetos em curso e a colaboração com a ANIPLA na criação da estação de agricultura digital e de precisão da nova plataforma Smart Farm Virtual.
Ajudar os agricultores na transição digital, capacitando-os com conhecimento e ferramentas tecnológicas para a produção sustentável, o uso eficiente e a conservação dos recursos naturais é a missão da associação SFCOLAB – Laboratório Colaborativo para a Inovação Digital na Agricultura.
A equipa jovem e altamente qualificada, liderada por Cátia Pinto, trabalha em soluções inclusivas, acessíveis a todos os agricultores, e pensadas para responder a problemas concretos da gestão quotidiana do setor agrícola. Um dos seus projetos mais recentes está em marcha na ilha Terceira, nos Açores. O objetivo é criar uma rede de monitorização das vinhas, através da instalação de pilotos tecnológicos SOFIS (sistema de sensores proximais Smart Orchard Ferti-Irrigation System) em 4 vinhas na freguesia dos Biscoitos, onde existe desde 2019 a Denominação de Origem ‘Biscoitos’ para vinhos produzidos a partir das castas Verdelho, Arinto dos Açores e Terrantez do Pico. Os dados recolhidos pelos sensores de proximidade, conjugados com imagens de satélite e captadas por drone, vão permitir criar um sistema de alertas automáticos para apoiar os viticultores na tomada de decisão de gestão das vinhas, nomeadamente, tratamentos de doenças. Agricultores e técnicos recebem formação para usar as ferramentas digitais. A Câmara Municipal da Angra do Heroísmo e o AirCentre são os parceiros do SFCOLAB neste projeto.
“O Smart Farm Colab pertence a uma rede nacional de laboratórios colaborativos que têm como objetivo incentivar a cooperação e a transferência do conhecimento científico e tecnológico entre as academias/centros de investigação/universidades e o setor produtivo (empresas), e assim gerar emprego altamente qualificado”, explica Cátia Pinto. Exemplo disso é o trabalho de investigação da primeira bolseira de Doutoramento do SFCOLAB na área da nanotecnologia aplicada à agricultura, dedicado ao desenvolvimento de nanopartículas luminescentes com capacidade para detetar marcadores de doenças do lenho, em videira, e fogo bacteriano, em pomares de fruteiras, que poderão ajudar na prevenção e combate a estas doenças. Um dos projetos mais ambiciosos do ponto de vista da transferência de conhecimento é o DigiFarm2all – Sustentabilidade e Democratização da Agricultura 4.0., que visa a instalação de 17 pilotos tecnológicos no país para as culturas da vinha, olival, pequenos frutos, kiwi, abacate e laranja.
“Durante a execução do DigiFarm2all pretende-se evidenciar a mais-valia económica do uso de soluções de Agricultura 4.0, quantificar a pegada ecológica das explorações, melhorar o aconselhamento técnico, através de recomendações e soluções bem fundamentadas para os agricultores e melhorar a literacia digital de técnicos e agricultores, em particular os grupos mais excluídos”. Esta iniciativa junta o Smart Farm Colab, o INIAV, a Confagri e outros 17 parceiros entre empresas tecnológicas, centro de competências, cooperativas, associações e agricultores.
Colaboração com a ANIPLA
O Smart Farm Colab colaborou com a ANIPLA na Plataforma Smart Farm Virtual, concretamente na Estação de Agricultura Digital e de Precisão. “Esta é sem dúvida uma colaboração muito positiva e que vai de encontro aos objetivos estabelecidos pelo Smart Farm Colab que são as ações pedagógicas”, afirma Cátia Pinto, acrescentando que a Smart Farm Virtual entra claramente nesta ação, “é uma plataforma interativa e para todas as idades que visa contribuir para a formação de técnicos e agricultores, integrando conhecimentos relativos à tecnologia de aplicação de produtos fitofármacos com a tecnologia digital em prol da eficiência na aplicação destes produtos e minimização do impacto ambiental”.
SOFIS – sensores de baixo custo para gestão inteligente das parcelas agrícolas
Uma das áreas do SFCOLAB foca-se na monitorização das culturas através de um sistema modular e personalizado de sensores proximais de custo acessível e cujo dimensionamento é efetuado com base nas necessidades específicas de uma cultura e parcela agrícola. O SOFIS – Smart Orchard Ferti-Irrigation System permite a obtenção de informação em tempo real para o apoio à tomada de decisão, por exemplo, para a gestão eficiente dos recursos, fatores de produção, análise do controlo climático em estufas e estudo para criação de alertas de doenças.
O SOFIS conecta remotamente os dados entre o campo, a plataforma digital de gestão e os agricultores.
Digitalização das comunidades microbianas do solo
O SFCOLAB elaborou um estudo da digitalização das comunidades microbianas do solo de diferentes culturas e regiões geográficas de Portugal Continental, numa parceria estabelecida com a empresa Biome Makers, prestadora do serviço de sequenciação, e empresas do setor agrícola. Este estudo foi elaborado em 2021 para as culturas da vinha e pomares (maçã, peras, nectarinas, ameixa, cereja) e pretendeu avaliar e demonstrar os impactos de diferentes práticas de gestão agrícola na promoção da sustentabilidade dos sistemas, como complemento aos resultados obtidos através de monitorizações por equipamentos tecnológicos.
A ‘Loja do Cidadão’ para a agricultura digital
O Smart Farm Colab é um dos parceiros do balcão único de acesso para a digitalização do setor agroalimentar do prado ao prato. Este centro de inovação digital, designado de Smart Sustainable Farms Foods and Trade – European Digital Innovation Hub (SFT-EDIH), recebeu o selo de excelência pela Comissão Europeia e é reconhecido a nível nacional pelo IAPMEI. Tem como missão acelerar a adoção de tecnologias chave para a transição digital, como inteligência artificial (AI), internet das coisas (IoT), ciência de dados, blockchain, fotónica, robótica, realidade virtual e aumentada e cibersegurança. O SFT-EDIH apoia diretamente as PME e o setor público, através de um conjunto de serviços estruturados de formação e qualificação, acesso a redes de inovação, teste e adequação de soluções digitais (“testar antes de investir”) e acesso a financiamento.