4 de Dezembro, 2024
Fito-Entrevista

Teresa Zacarias: Separados na atividade, unânimes na preocupação para com o futuro da atividade agrícola.

Teresa Zacarias

Engenheira Agrónoma, Assessora Técnica da Casa do Azeite – Associação do Azeite de Portugal desde 2002.

Uma engenheira agrónoma e uma estudante universitária de enfermagem, partilham a sua visão sobre os desafios à produção agrícola na atualidade, tomando como ponto de partida o estudo que a ANIPLA realizou em parceria com a Universidade Católica.

O Centro de Estudos Aplicados (CEA) da Universidade Católica Portuguesa, em parceria com a ANIPLA, realizou um estudo à população portuguesa adulta para aferir o seu conhecimento quanto às realidades da produção agrícola. Uma das conclusões indica que 93% dos inquiridos não sabe que a produção alimentar global precisa de aumentar 60% até 2050.

Esta semana lançámos novamente o desafio dentro e fora do sector, para que os dois entrevistados pudessem refletir sobre este e outros resultados do inquérito. Esta semana escutamos a perspetiva de dentro do sector, com as respostas de Teresa Zacarias, engenheira agrónoma, atualmente assessora técnica da Casa do Azeita; na próxima semana partilhamos a visão da sociedade civil pelas respostas da Constança Matos, uma jovem estudante universitária de enfermagem.

1. O que podem fazer os agricultores para aumentar a perceção do consumidor de que é preciso acelerar de forma substancial a produção de alimentos para dar resposta ao crescimento da população mundial?

Mais do que os agricultores, as organizações que os representam e os organismos governativos deveriam levar a cabo campanhas de sensibilização dirigidas à população em geral sobre esta temática. É necessário apostar na comunicação e na informação dos consumidores sobre a questão da escassez de recursos.

2. O que vai ser necessário fazer para responder a esta necessidade de aumento de produção?

Precisamos de uma agricultura mais flexível, que seja sustentável e ambientalmente amigável. Para termos essa agricultura precisamos de investigação e inovação em todas as áreas. Vamos ter que ser capazes de produzir mais, com menos recursos. Os consumidores, por seu lado, deverão ser sensibilizados a fazerem escolhas mais sustentáveis e a minorar o desperdício alimentar.

3. Na sua opinião, quais são os três maiores desafios que os agricultores enfrentam perante fenómenos resultantes das alterações climáticas?

A agricultura é, talvez, a atividade económica que mais depende das condições climatéricas e consequentemente, a mais vulnerável às alterações climáticas. Neste cenário, e na minha opinião, o maior desafio que se coloca aos agricultores é a capacidade de produzir cada vez mais, de forma sustentável e eficiente e com cada vez menos recursos, alimentos de qualidade, a um preço razoável, num cenário de cada vez maior incerteza em termos climáticos. É um GRANDE desafio…

4. O estudo demonstrou que os portugueses preferem alimentos biológicos, mas desconhecem a forma como são produzidos, nomeadamente, o facto de também usarem produtos fitofarmacêuticos. É um mito que é necessário esclarecer?

Sem dúvida. O sector agrícola não comunica de forma eficiente e de forma coordenada com o consumidor final. Precisamos de melhorar nesse campo de modo a que os consumidores percebam o modo de produção de determinado alimento e o escolham de um modo informado e consciente.

5. Na defesa de práticas sustentáveis, tem-se apelado ao consumo de produtos sazonais (da época) e locais. Qual a importância dessas práticas para os agricultores portugueses?

As práticas sustentáveis em agricultura destinam-se a reduzir o impacto de determinada produção no meio ambiente envolvente. Os produtos sazonais e locais têm um impacto menor a to-dos os níveis. Para o agricultor este tipo de práticas é de extrema importância pois protege o ambiente, não deixando de rentabilizar economicamente a atividade.

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