Um estudo realizado pela Anipla, e divulgado em Maio 2016, procura dar resposta a esta questão.
As conclusões são preocupantes. Foi analisado o potencial impacto económico da retirada de um conjunto de substâncias activas (s.a.) consideradas em risco de exclusão a nível da UE, e que são usadas em Portugal na proteção da videira, oliveira, milho grão, pereira e tomate indústria. Estas fileiras no seu conjunto representam cerca de 40% do rendimento da produção vegetal nacional (perto de 1,5 mil milhões de euros).
De uma forma geral, o impacto da retirada destas s.a. inviabilizaria a exploração empresarial de qualquer das culturas em análise, representando uma redução de cerca de €810 milhões no rendimento, equivalente a 22% da produção vegetal e 12% do total do setor agrícola nacional.
Lembramos que este trabalho avaliou “apenas” a dimensão dos danos ao nível do produtor. Outros operadores económicos e muitos outros impactos, muitos de dimensão superior seriam também envolvidos. Tanto a montante como a jusante, no impacto económico em fornecedores de bens e serviços, no nível de desemprego, no abandono das áreas rurais, na emigração, no ambiente, na paisagem rural e tantos outros. No entanto não basta dizermos e concordarmos nesta ideia. Todos os envolvidos têm que encetar um conjunto de tarefas que conduzam às alterações necessárias aos processos atualmente adotados na avaliação de produtos fitofarmacêuticos.
Todo o processo de avaliação e consequente tomada de decisão tem que se basear numa regulamentação clara, previsível e, acima de tudo, baseada na ciência e não na política ou na opinião pública. Somos por uma regulamentação de base científica, que saiba avaliar o balanço entre o risco e o benefício.
É indispensável que a inovação e a tecnologia não sejam uma barreira, mas um catalisador da competitividade da agricultura europeia; será uma barreira, se cada vez mais os produtores europeus ficarem afastados dos meios tecnológicos ao dispor dos produtores de outros continentes.
A inovação e a tecnologia, nas quais se inclui a utilização segura e sustentável dos produtos fitofarmacêuticos, fortemente defendida e promovida pela indústria, são temas que precisam de “sair da caixa”, isto é, serem dados a conhecer ao cidadão comum e chamar a atenção da opinião pública em geral.