Pela primeira vez na história, a terra cultivada está a diminuir e a natureza está a ocupar o lugar de terrenos, antes ocupados pela atividade agrícola. Joseph Poore, investigador da Universidade de Oxford, publicou recentemente um artigo na revista “New Scientist” onde alertava para este problema e, em declarações ao jornal Expresso, indicou que, desde 2000, a área agrícola reduziu 2.000.000 de quilómetros quadrados.
Joseph Poore analisou dados da FAO, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, e concluiu que “de dois em dois anos uma área igual ao Reino Unido é abandonada”, ou seja, 242.495 quilómetros quadrados. Pelas contas do semanário, este número equivale a 2,6 vezes a área de Portugal.
Entre 1999 e 2000, o nosso país perdeu 5% da área agrícola (dados do último recenseamento) e o investigador dá como exemplo o abandono gradual da cultura de montanha no Vale do Coa, região do Douro.
Em termos globais, uma das causas para o abandono das terras é a preferência dos consumidores por roupa de algodão ou fibra sintética em detrimento da lã, cujos preços caíram vertiginosamente no mercado mundial, levando ao abandono da atividade de pastorícia.
A diminuição da área agrícola, aliada ao aumento previsível da população mundial, acentua os desafios atuais da agricultura mundial, que terá de produzir de forma cada vez mais eficaz, em menos terreno. A protecção dos solos e do meio ambiente está intimamente ligada à utilização da tecnologia e da ciência, presente em produtos de protecção das plantas como os fitofármacos. Desta forma é possível garantir a proteção das plantas e prevenido perdas. A evolução tecnológica também será essencial para aumentar a eficácia da produção e o uso sustentável dos recursos naturais.