Nos próximos dois anos, a União Europeia (UE) e a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) vão trabalhar lado-a-lado no fortalecimento da resiliência das comunidades face às crises alimentares (reforçando a sua capacidade de prevenção e de gestão de riscos que ameaçam a segurança alimentar e nutricional), abordar o tema das alterações climáticas e melhorar a utilização dos recursos naturais, investir na atividade agrícola e melhorar os sistemas de produção alimentar.
Segundo o relatório anual da ONU, “O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo em 2018” citado pela FAO, o número de pessoas com fome no mundo aumentou e no ano passado já eram mais de 821 milhões os habitantes mundiais subalimentados, ou seja, uma em cada nove pessoas. De acordo com a ONU, estes resultados negativos podem explicar-se pela variabilidade do clima, pelos eventos climáticos extremos (como secas e inundações), bem como pelo escalar de alguns conflitos.
Os responsáveis das cinco agências das Nações Unidas envolvidas na criação deste relatório (FAO, FIDA, UNICEF, WFP e OMS) alertaram: “Os sinais alarmantes de aumento da insegurança alimentar e altos níveis de diferentes formas de desnutrição são um aviso claro de que há um trabalho considerável a ser feito para garantir que não deixamos ninguém para trás no caminho para alcançar as metas sobre segurança alimentar e melhor nutrição”.
Em contraste com estes dados está o outro lado: a obesidade em ascensão. Este relatório revelou que praticamente um em cada oito adultos é obeso, totalizando cerca de 672 milhões de pessoas com excesso de peso em todo o mundo, problema com maior incidência na América do Norte.
Apesar dos resultados deste relatório da ONU, o comissário europeu para a cooperação e desenvolvimento internacional, Neven Mimica, mostrou-se orgulhoso com todo o trabalho que a UE e a FAO concretizaram até à data: “Ao longo dos anos, conseguimos construir uma parceria estratégica sólida com foco em áreas que estão no topo da agenda política”, disse. Destacou ainda: “Só no mês passado, a União Europeia e a FAO assinaram um acordo de 77 milhões de euros para aumentar a resiliência de milhões de pessoas que enfrentam crises alimentares em todo o mundo”. Na última década, esta parceria que beneficiou milhões de pessoas nos países em desenvolvimento, emergentes e desenvolvidos, totalizou mais de 1,5 mil milhões de euros, em mais de 250 programas, num total de mais de 60 países.
Um estudo recente publicado na revista “Nature” e citado pela agência Lusa sobre como alimentar 10 mil milhões de pessoas de forma saudável em 2050, defende que a opção por dietas saudáveis, mais baseadas em vegetais, a redução para metade do desperdício alimentar e a melhoria das práticas agrícolas e tecnológicas, podem ser a solução certa para alimentar uma população mundial em crescimento.