Portugal tem uma menor área agrícola dedicada à produção biológica, mas no total das explorações para este setor utiliza menos fertilizantes e pesticidas, de acordo com uma análise feita pelo INE à agricultura em função dos objetivos do pacto europeu ecológico (“green deal”), revelada esta quinta-feira, 22 de julho.
Portugal tinha, no final de 2019, 5,3% da sua superfície agrícola utilizada (SAU) em produção biológica, menos que os 5,9% que estavam registados em 2016 em toda a União Europeia. E muito longe dos 25% que a União ambiciona ter em 2030.
Isto apesar de Portugal ter mais do que duplicado (+112,2%) a sua superfície para produção biológica desde 2009.
Mas se em termos de produção biológica Portugal ainda tem caminho a fazer, a redução de fertilizantes e pesticidas na restante agricultura está a caminhar no bom sentido.
Segundo o INE, a utilização de fertilização inorgânica em Portugal reduziu-se 34,7% no período entre 2000 e 2019, quando na União Europeia a redução foi de apenas 9,5%. Na União Europeia, a quantidade de fertilizantes minerais disponível reduziu-se a um ritmo médio anual de 0,5% entre 2000 e 2019, enquanto em Portugal a queda foi de 2,2% ao ano.
O objetivo traçado é que na União a redução atinja pelo menos 20% até 2030, ainda que o INE alerte para o facto de não haver ainda uma clarificação quanto ao período de monitorização da meta e sobre o limiar de consumo a partir do qual se poderá comprometer a atividade agrícola.
Ainda assim quantifica que uma redução de 20% sobre a quantidade de 2019, assumindo que a superfície utilizada se mantém, “levaria a um consumo nacional de fertilizantes de 24,5 quilos/hectare da superfície utilizada em 2030”.
Já em relação aos pesticidas químicos, Portugal reduziu o risco da sua utilização em 34% em 2018 face ao período 2011-2013, quando a queda na União Europeia desse risco situou-se em 17%. O objetivo é reduzir em 50% o risco em 2030.
As vendas de herbicidas, inseticidas e fungicidas em Portugal, em 2019, caíram, por seu lado, 31,5% face a 2011, o que compara com a queda de 4,1% na União Europeia. Ainda assim, em Portugal foram vendidos 2,2 quilogramas de substância ativa dos principais grupos de pesticidas por hectare de superfície utilizada em 2019, valor superior à média europeia (1,8 quilogramas de substância ativa por hectare de SAU).
O INE chama a atenção para o facto da venda destes produtos variarem de ano para ano, “de acordo com as condições climatéricas e problemas fitossanitários do ano agrícola, mas também da retirada de substâncias ativas do mercado ou inclusão de novas, assim como pela evolução das práticas agrícolas e da ocupação cultural”.
Em relação às emissões de gases com efeito de estufa, se em termos globais Portugal contribuiu para aumentar as emissões europeias – que ainda assim baixaram – não foi pela agricultura que tal aconteceu. Em termos gerais, na União a 27, as emissões baixaram 24,0% em 2019 face a 1990, mas em Portugal aumentaram 12,6%.
Ainda assim o contributo da agricultura para as emissões em Portugal encontra-se próximo do que acontece na média europeia. O contributo da agricultura na União para o total das emissões foi de 10,3% em 2019, sendo em Portugal 10,1%. A Irlanda é o estado-membro em que a agricultura tem maior peso, representando 32,4% do total das suas emissões.
Assim, se as emissões totalizaram na União Europeia menos 1,2 mil milhões de toneladas de CO2 equivalente em 2019 face a 2009, das quais 102 milhões (8,6%) provenientes do setor agrícola, em Portugal o aumento em 7,6 milhões de toneladas de CO2 equivalentes das emissões, no setor agrícola caiu 3,8%.
Notícia In: Jornal de Negócios