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27 de Abril, 2024
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5G pode intensificar agricultura de precisão

A única forma de conseguir aumentar a nossa sustentabilidade tanto ambiental como financeira ou social é através da tecnologia desde a robotização, digitalização até o Big Data, o 5G ou a realidade aumentada e virtual entre outras.

O admirável mundo novo da agricultura é marcado pela inteligência artificial, a robotização, a digitalização, os drones, a internet das coisas, a ciência dos dados, os algoritmos, a realidade virtual e aumentada, impactam sobre toda a cadeia de produção agrícola, o que pode ser intensificado por uma futura rede 5G de boa qualidade e grande cobertura. Por isso, para Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal, “o grande desafio é a evolução da agricultura na sua passagem da mecanização, que são máquinas que não têm inteligência, para a agricultura de precisão. A mecanização dos últimos 60 a 70 anos mudou a agricultura mas chegou ao seu limite, agora é a vez da digitalização, da biotecnologia, do big data e da IA“.

A digitalização é uma área central para eficiência e para a sustentabilidade“, referiu Nuno Canada, presidente da Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e enuncia três dimensões para o futuro. Na sua opinião, o caminho tem passado e deverá continuar a passar pela generalização da tecnologia, “há já produtores muito avançados que estão a trabalhar ao nível do melhor que se faz no mundo mas ainda não é generalizado“.

A segunda dimensão é intensificar o uso, “já se está a trabalhar com muita tecnologia de precisão para a agricultura, produção animal de precisão. Mas é necessário dar um passo mais e começar a introduzir mais inteligência artificial“, assinalou Nuno Canada.

O grande desafio é a evolução da agricultura na sua passagem da mecanização, que são máquinas que não têm inteligência, para a agricultura de precisão.

Luís Mira, Secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal

A terceira dimensão a realização deste novo paradigma implica a capacitação, sobretudo muita capacitação ao longo da vida, de técnicos, de agricultores, de trabalhadores. “A combinação destas três dimensões é que vai permitir que Portugal continue a evoluir de forma significativa nesta área“, assinalou Nuno Canada.

Disseminação da tecnologia

Mas, segundo Luís Mira, para que haja disseminação da tecnologia “é fundamental que os fundos, que apoiam a agricultura, funcionassem em pleno e não estão, pois existem mais de 900 milhões de euros do quadro comunitário, que terminou em 2020, por pagar aos agricultores“. Acrescenta que “deveríamos já estar a utilizar as verbas futuras, que deveriam ser canalizadas para algumas destas áreas tecnológicas“. Deu como exemplo um recente concurso para mudar tratores com mais de dez anos, já com uma tecnologia ultrapassada, e houve dez vezes mais pedidos do que a verba disponível.

A Vera Cruz é uma empresa que produz amêndoas de variedades mediterrânicas numa área de 1.300 hectares dividida por cinco propriedades no Fundão e em Idanha-a-Nova. Já plantou cerca de 750 hectares, mais de meio milhão de amendoeiras. Iniciado em 2017 projeto assenta no denominado smart farming, sido desenhado de raiz para promover uma produção agrícola sustentável e garantir a gestão eficiente de todos os recursos e vai contar em breve com uma fábrica de descasque de amêndoa.

Foi uma empresa que nasceu digital. Desde o primeiro dia a Vera Cruz tem a intenção e leva a digitalização e as tecnologias muito a sério na agricultura. A única maneira de conseguir aumentar a nossa sustentabilidade, tanto ambiental como financeira ou social, é através da tecnologia. É um caminho que já se iniciou e que não tem mais retorno“, explicou Gustavo Ramos, diretor-geral da Vera Cruz.

Capacidades de predição

Contou ainda que criaram uma start up tecnológica, a Vera Cruz Tech, para fazer com que os diversos tipos de sensores, de equipamentos, comuniquem para “para criar um banco de dados para alimentar uma futura inteligência artificial a partir de algo mais simples mas sabendo que, quanto mais bancos de dados, informações se consegue analisar e cruzar, mais a inteligência artificial tende a crescer“.

A digitalização é uma área central para eficiência e para a sustentabilidade.


Nuno Canada, Presidente da Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária

Como sublinhou Nuno Canada, “se se conseguir captar a informação estruturada dos vários equipamentos que estão a trabalhar nos campos, conseguiremos mapear regiões e, com os dados sobre o vento, o tempo, a humidade numa dada região, que poder-se-á fazer a predição da possibilidade de haver granizo ou de um golpe de calor. O mesmo pode acontecer com os tratamentos. Tudo isto cria mais condições de sustentabilidade económica e ambiental e gera menos desperdícios de adubos, de água, tratamentos“.

Nuno Canada acentua que o “conhecimento e investimento intensivos são a fórmula, mas que em Portugal precisam de recursos humanos altamente especializados e adaptados. Por isso a questão reskilling e do upskilling é não só dos técnicos e agricultores mas também dos investigadores, das equipas“. Acrescenta que ” em toda a União Europeia há as novas linhas de financiamento à inovação, porque uma Europa mais verde e mais digital só se consegue com base no conhecimento, e a pandemia veio mostrar, que, se não houver muito conhecimento, não se consegue encontrar soluções“. Concluiu dizendo que “o complexo agroflorestal em Portugal representa 17% do PIB e 20,4% das exportações e o crescimento tem sido feita com base na diferenciação e na inovação. Deveríamos ter um orçamento de investigação proporcional e isso não acontece“.

Notícia In Jornal de Negócios

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